O estresse por calor é um
grande desafio enfrentado pela cadeia leiteira em todo o mundo. A doutora
A elevação da temperatura
corporal tem efeitos negativos que serão sentidos tanto pelo rebanho como pelos
produtores. As vacas produzirão menos leite, enfrentarão problemas de
fertilidade, ficarão mais suscetíveis a doenças e, nos casos mais extremos,
poderão até morrer. “O impacto ainda vai se estender às bezerras nascidas de
vacas expostas a altas temperaturas, que irão demonstrar as mesmas complicações
pelo menos até a primeira lactação”.
Os estudos apontados pela
especialista sugerem que a observação direta dos animais é a forma mais eficaz
de determinar estratégias para reduzir o calor. “O estresse é provocado pelo
acúmulo interno de calor e as vacas nos darão indícios de que estão lidando com
uma temperatura excessiva, por isso o produtor precisa saber avaliar os
animais, especialmente no verão”.
Comportamentos como o
aumento da taxa respiratória e da sudorese, a busca por sombra, salivação e
redução do consumo de alimentos são alguns dos sinais de alerta. O
monitoramento da temperatura corporal nos dias mais quentes é essencial para
identificar o foco do problema. “Em um dos trabalhos feitos pelo nosso grupo
descobrimos que se a temperatura for aferida poucas vezes ao dia, não
conseguimos determinar o que realmente está acontecendo. A temperatura precisa
ser aferida uma vez a cada duas horas para termos dados mais concretos”.
Para mitigar o excesso de
calor, entre as principais medidas a serem adotadas estão o uso de aspersores,
prover água e sombra adequadas. “Nossos estudos mostram que as vacas têm um
tipo de inteligência e que elas irão buscar formas de prevenir o calor quando
tiverem chance”, ressaltou.
Segundo Grazyne, as vacas
são altamente motivadas a buscar áreas de sombra e usam essa como principal
estratégia para aliviar os efeitos das altas temperaturas. Por isso, é
indispensável ofertar sombras nas áreas de descanso e comedouro, onde os aspersores
costumam estar disponíveis. “Também é válido usar estruturas que bloqueiem a
maior parte dos raios solares e garantir sombra de qualidade. Quanto maior a
sombra ofertada, mais confortável ficará o rebanho”.
O consumo de água fresca é
outro elemento preponderante e que aumenta sensivelmente quando faz calor. “As
vacas precisam que a água seja limpa e fresca nesses dias, disponível de forma
abundante, isso porque a falta do líquido gera competição entre os animais,
comprometendo a hidratação”. Nesse caso, a dica é distribuir água em pontos
variados, bem como deixar livre a área ao redor dos bebedouros para facilitar o
acesso.
Ainda é fundamental recorrer
ao uso de aspersores para evitar o aumento da temperatura corporal. “As vacas
que utilizaram aspersores foram mais capazes de prevenir o estresse térmico, do
que aquelas que só tiveram acesso à sombra”, afirmou a palestrante. Como a
sombra atrai o rebanho, esses aparelhos devem ser colocados nessas áreas para
maximizar o resfriamento. No cocho, os ventiladores devem sempre acompanhar os
aspersores. O fluxo de água também deve ser considerado. Quanto maior o fluxo,
mais eficazes são as chances de reduzir calor.
“Em nossos estudos,
concluímos que a observação direta é a melhor forma de precisar como as vacas
estão lidando com as altas temperaturas. Avaliar medidas fisiológicas e
comportamentais vão ajudar nesse objetivo. Lembrando que sombra e água fresca
têm que ser prioridade, assim como o manejo dos aspersores”, finalizou.
10º SBSBL
O 10° Simpósio Brasil Sul de
Bovinocultura de Leite foi promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários
e Zootecnistas (Nucleovet) e transmitido virtualmente a partir de Chapecó (SC).
Paralelamente ao evento, foi realizada a 5ª Brasil Sul Milk Fair virtual.
APOIO
O 10º SBSL contou com o
apoio da Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa, do
Conselho Regional de Medicina Veterinária de SC (CRMV/SC), da Embrapa Gado de
Leite, do Icasa, da Prefeitura de Chapecó, do Sindicato dos Produtores Rurais
de Chapecó, do Sistema FAESC/SENAR-SC, do Sindirações, da Sociedade Catarinense
de Medicina Veterinária (Somevesc) e da Unochapecó.