A necessidade de aumentar a produtividade aproveitando ao máximo a área disponível e agregando eficiência, tem tornado cada vez mais comum a adesão ao confinamento na pecuária leiteira. Doutor em Construções Rurais e Ambiência, o professor Flávio Alves Damasceno trouxe ao debate desta quinta-feira (11) do 10° Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite (SBSBL) as vantagens e desafios dos sistemas Free Stall e Compost Barn nos sistemas intensivos de criação.
Damasceno
ressaltou que não existe o melhor sistema, mas sim o sistema que é melhor
manejado. A preocupação com o animal é o que mais importa. “Não podemos pensar
apenas nos recursos financeiros, temos que oferecer ao animal uma nutrição
adequada, uma dieta balanceada e conforto. O produtor precisa pensar como um
empresário, investindo no animal para dar a ele todas as condições de produzir
mais e com maior qualidade”.
Entre os sistemas
intensivos, o Free Stall e o Compost Barn se destacam por proporcionarem
melhores condições de saúde, conforto térmico e bem-estar aos animais. “Se eu
confino, aumento a eficiência produtiva. As instalações também permitem
conforto térmico, praticidade no manejo da alimentação, estabilidade da dieta
ofertada e os animais têm melhores escores de limpeza. Tudo isso reflete na
qualidade do leite.”
No free stall, os
animais possuem camas individuais delimitadas por baias. As grandes vantagens
desse sistema estão relacionadas à economia nos custos operacionais, pois não
há necessidade de uma pessoa para revolver a cama; a mecanização é facilitada;
os animais se exercitam regularmente e é mais prático dividi-los em grupos de
raça ou produção.
Em contrapartida,
são desvantagens o custo maior para construir uma instalação se comparado ao
compost barn; é maior a exigência de aprimorar o cuidado no manejo da limpeza;
aumenta a competição por baias, especialmente próximo ao corredor de
alimentação, e há menor atenção individual ao animal.
Já o compost barn
é um formato de alojamento mais recente. Originário nos Estados Unidos, já é
operado em países como Itália, Canadá e Israel e tem cada vez mais se
popularizado na América do Sul. O sistema é composto por uma área de descanso
com cama e uma pista de alimentação com piso de concreto. É vantajoso
especialmente por permitir que os animais permaneçam soltos em uma grande área,
recoberta por uma cama mais macia. “Nesse caso, diminui a probabilidade de
problemas no casco, já que o material da cama é mais confortável. Além disso,
há uma melhor detecção de cio, a longevidade é superior, é mais barato
construir as instalações e o manejo de dejetos é mais simples”.
Por outro lado,
há dificuldade de encontrar materiais para a cama, que é composta por serragem
ou maravalha. “O manejo da cama é delicado, há maior produção de poeira e gases
nesse sistema, o custo energético é maior, assim como o custo de manutenção,
pois exige uma pessoa para manejar a cama. Além disso, por se tratar de um
sistema relativamente novo, ainda falta muito conhecimento técnico e
profissional para auxiliar o produtor”.
Analisando os
prós e contras de cada sistema, o engenheiro agrícola salientou que o sucesso
de cada sistema vai depender do manejo realizado. O produtor precisa dar
atenção desde o momento do planejamento da construção das instalações até
simples práticas de rotina. “É necessário fazer um controle de custos de
produção e conhecer todas as operações para encontrar alternativas que
contribuam para aumentar a produtividade”, concluiu.
10º
SBSBL
O 10° Simpósio Brasil Sul de
Bovinocultura de Leite é promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e
Zootecnistas (Nucleovet), com transmissão a partir de Chapecó (SC).
Paralelamente ao evento, ocorre a 5ª Brasil Sul Milk Fair virtual.
APOIO
O 10º SBSL tem apoio da
Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa, do Conselho
Regional de Medicina Veterinária de SC (CRMV/SC), da Embrapa Gado de Leite, do
Icasa, da Prefeitura de Chapecó, do Sindicato dos Produtores Rurais de Chapecó,
do Sistema FAESC/SENAR-SC, do Sindirações, da Sociedade Catarinense de Medicina
Veterinária (Somevesc) e da Unochapecó.