Especialistas destacaram os aditivos mais usados na
bovinocultura leiteira, seus impactos na dieta dos animais e principais
vantagens
A busca pelo aumento
da produtividade na bovinocultura leiteira exige um manejo assertivo da
nutrição para garantir a saúde dos animais e a produção de leite de alta
qualidade. Os doutores Marcos Neves e Euler Rabelo apresentaram
estratégias para a dieta, em busca de um melhor desempenho das vacas. Os
debates integraram o bloco de aditivos nesta quinta-feira (16), no 14º Simpósio
Brasil Sul de Bovinocultura de Leite (SBSBL), promovido pelo Núcleo Oeste de
Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet) e pela Epagri, no Centro de
Eventos, em Chapecó.
Os tamponantes e
alcalinizantes são substâncias utilizadas na dieta das vacas, especialmente
para ajudar a neutralizar ácidos no rúmen e equilibrar o pH. Esses aditivos
também são excelentes fontes de minerais. O médico veterinário Marcos Neves,
especialista em nutrição, apresentou os mecanismos de ação, quantidades
recomendadas e uso estratégico desses aditivos.
Para além do impacto
dos componentes e alcalinizantes no pH ruminal, é imprescindível entender que
essas substâncias exercem um efeito sistêmico, com impacto na produção de
urina, no consumo de água, na gasometria venosa, na concentração de oxigênio no
sangue e no aumento da gordura do animal, por exemplo.
O doutor destacou a
diferença catiônica e aniônica da dieta, diferentes formulações que podem ser
aplicadas e variações na dosagem. Ainda discorreu sobre a absorção de sódio,
potássio, cloro, magnésio, cálcio e seus impactos.
Segundo Marcos, é
fundamental avaliar os cenários em que o uso desses aditivos trará mais
resultados. “O aditivo é sempre um custo a mais de produção, por isso tenho que
posicioná-lo onde há mais chance de funcionar. Se eu tiver uma vaca de baixa
produção, por exemplo, não colocaria na dieta. Já na vaca de alta produção, o
uso é altamente indicado", detalhou.
“Precisamos pensar o
que fazer depois que esse objetivo do controle do pH do rúmen for cumprido,
porque esses aditivos vão mexer com muita coisa. Por isso, é fundamental
entender os minerais, porque estou dando cálcio, magnésio, potássio, e isso tem
um efeito sistêmico, que talvez seja até mais importante que o controle do pH
ruminal.”
IONÓFOROS
Especialista em
nutrição de ruminantes, Euler abordou a suplementação de ionóforos, mecanismos
de ação, efeitos desses aditivos na produção e composição de leite, bem como no
desempenho e saúde das vacas.
Os ionóforos são
aditivos utilizados na dieta de ruminantes para melhorar a eficiência alimentar
e desempenho, têm função antimicrobiana e inibem o desenvolvimento de parasitas
coccídios. Os tipos mais comuns dessa classe de aditivos em bovinos de leite são
a monensina, a lasalocida, a narasina e a salinomicina, sendo que a mais comum
é a monensina.
Euler salientou que a
monensina, a mais utilizada entre os ionóforos, está relacionada à maior
produção de ácido propiônico, ganhos em eficiência alimentar, melhor
metabolismo de nitrogênio e redução do risco de acidose subclínica.
O doutor apresentou
dados que demonstram o retorno financeiro de investimentos em monensina, por
conta das vantagens do seu uso, além de recomendações de aplicação do aditivo
no período seco, na transição pós-parto e na fase de lactação. “A monensina é um ativo muito
estudado. Melhora a eficiência alimentar, aumenta a produção de leite e traz
vantagens para a saúde das vacas no período de transição, ao diminuir, por
exemplo, a incidência de cetose, metrites e mastites", frisou.”