Na produção leiteira, inibir
os processos inflamatórios na glândula mamária é fator imprescindível para
manter a produtividade. As novas abordagens no tratamento da mastite clínica
foram tema da palestra apresentada pelo médico veterinário e doutor
A mastite bovina
está entre as doenças que mais impactam os rebanhos leiteiros no Brasil e no
mundo, responsável por prejuízos econômicos expressivos aos produtores e à
indústria. É também uma preocupação sanitária latente. De acordo com Pantoja, a
mastite é responsável por 52% a 62% do uso total de antimicrobianos em rebanhos
leiteiros. “Esse é um percentual muito expressivo. Precisamos ser muito
responsáveis nesse uso se quisermos alcançar uma pecuária leiteira
sustentável”.
O especialista
abordou a evolução no controle da mastite e as principais causas clínicas. Para
Pantoja, o principal problema hoje no manejo da doença é o uso incorreto de
medicamentos e tratamentos ineficazes que só geram desperdício financeiro e
ainda expõem o animal de forma equivocada aos antimicrobianos. “Pesquisas
mostram que 7 em cada 10 tratamentos são desperdiçados se não usarmos as
técnicas corretas”. Além do prejuízo econômico, o palestrante chama atenção
para a questão de saúde pública que envolve esse controle. O uso dos antimicrobianos
precisa ser consciente para diminuir os riscos de resíduos, os custos e o
descarte de leite.
“O medicamento
pouco importa para tratar a mastite. A eficiência do tratamento depende de
muitos fatores. O produtor está sempre frustrado porque o tratamento não
funciona e isso acontece porque tem vários aspectos determinantes que
influenciam, como a condição imunológica do animal; o patógeno; o número de
casos nas lactações anteriores, se houve infecção subclínica crônica prévia;
idade da vaca e número de quartos acometidos”, explica.
Estudos mostram,
por exemplo, que entre 30% a 50% das culturas de mastite clínica não apresentam
crescimento de bactérias, casos em que não se faz necessário o tratamento com
antimicrobianos. Há ainda o fato de que grande parte das infecções é de cultura
negativa, eliminadas rapidamente pelo próprio sistema imunológico do animal.
“Essas frustrações acontecem, em grande parte, porque o produtor acaba
investindo no tratamento de vacas com baixa probabilidade de cura”.
Na prática, é
preciso assimilar que é necessário usar mecanismos de controle para reconhecer
os animais que terão baixa probabilidade de cura e, assim, evitar o desperdício
de recursos com um tratamento que não irá funcionar. “É preciso avaliar as
chances de cura das vacas. As que são repetidoras de mastite clínica ou com
histórico de Contagem de Células Somáticas (CCS) são exemplos de animais com
baixa chance de atingir um tratamento eficaz. Temos que aprender a usar essas
informações para optar pelo manejo mais adequado”.
O médico
veterinário citou a cultura microbiológica na fazenda como um divisor de águas
no combate à mastite. Por meio desse método, é possível identificar qual agente
está causando a doença e definir de forma mais ágil o manejo mais assertivo,
seja com uso de medicamento ou até mesmo o não tratamento, dependendo de cada
caso.
No entanto, esse
sistema terá um melhor desempenho em fazendas que possuem rebanhos com perfil
ambiental. “É um método que exige vários protocolos diferentes. Não adianta
apostar em tecnologia sem fazer o básico. É preciso cuidar do alicerce, para
depois partir para o próximo passo”.
Diante dos
desafios no tratamento da mastite clínica, é urgente buscar alternativas
estratégicas e a racionalização no uso de medicamentos. “Sempre aprendemos a
dar remédio para a vaca, mas essa visão mais moderna traz uma abordagem
diferente, que nos ensina a usar dados, informações e ferramentas. É aprender
como tratar e como não tratar a mastite. A cultura da fazenda é uma ferramenta
brilhante nesse sentido, porém nem todas as propriedades possuem o perfil
adequado para aplicar esse método. Lembrando que a propriedade tem que ter
feito seu dever e cuidar desde o controle básico para desfrutar desse sistema”,
concluiu Pantoja.
Terceiro lote
O 10º SBSBL acontece
virtualmente, com transmissão a partir de Chapecó, até essa quinta-feira (11).
Paralelamente ao evento é realizada a 5ª Brasil Sul Milk Fair.
A comercialização do
terceiro lote dos ingressos segue durante todo o Simpósio, com os seguintes
valores: R$ 460 para profissionais; R$ 360 para estudantes; R$ 360 para
agroindústrias e órgãos públicos; e R$ 350 para universidades. A partir de 10
inscrições, é possível adquirir pacotes com benefício de inscrições
bonificadas. Para se inscrever e consultar as regras basta acessar: https://nucleovet.com.br/.
Apoio
O 10º Simpósio Brasil Sul de
Bovinocultura de Leite tem apoio da Associação Paranaense de Criadores de
Bovinos da Raça Holandesa, do Conselho Regional de Medicina Veterinária de SC
(CRMV/SC), da Embrapa Gado de Leite, do Icasa, da Prefeitura de Chapecó, do
Sindicato dos Produtores Rurais de Chapecó, do Sistema FAESC/SENAR-SC, do
Sindirações, da Sociedade Catarinense de Medicina Veterinária (Somevesc) e da
Unochapecó.