Influenza
aviária e programas de controle de peste suína clássica e africana entraram nos
debates do último dia de Simpósio
Os desafios virais são uma preocupação crescente na cadeia
produtiva, pois podem trazer perdas econômicas e afetar relações comerciais com
mercados internacionais. Nesta quinta-feira (14), último dia do 17º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura
(SBSS), especialistas da área debateram sobre os possíveis riscos da
influenza aviária e programas de controle Peste Suína Clássica (PSC) e Peste Suína
Africana (PSA) no Brasil.
De acordo com a médica veterinária Janice Reis Ciacci Zanella, a influenza aviária é uma doença comum
nas aves e pode ser classificada em dois tipos principais: influenza aviária de
alta patogenicidade e influenza aviária de baixa patogenicidade. “É um vírus
muito letal, que está no mundo inteiro, pela primeira vez chegou na América do
Sul e até mesmo na Antártica. Ou seja, está em todos os continentes. Por um
tempo, ficou restrito às aves, mas agora aumentou a gama de hospedeiros e esse
vírus classificado como de alta patogenicidade tem atingido mamíferos,
inclusive bovinos, e já chegou ao Brasil”.
Sobre os possíveis riscos para outras atividades de criação
animal, como a suinocultura, a doutora explicou que, assim como os seres
humanos, os suínos também têm receptores para o vírus da influenza. Porém, para
superar as barreiras de espécies são necessárias múltiplas adaptações do vírus.
Ela pontuou o registro de casos de H5N1 e H9N2, que são subtipos de influenza
aviária A, em suínos de produção familiar na China e no Vietnã entre 2010 e
2015, e casos nos Estados Unidos, em 2024, de suínos infectados com H5N1.
Janice ainda citou estudos que apontam como fatores de
risco para a transmissão da influenza aviária a densidade de animais; contato
com aves silvestres; distância entre propriedades; finalidade da produção, se é
comercial ou não comercial; espécies criadas e contato entre propriedade e
demonstrou simulações de diferentes cenários de possíveis infecções.
Para afastar os riscos da influenza aviária, a especialista
ressaltou que é fundamental redobrar os cuidados com a biosseguridade. “É
necessário restringir o acesso de pessoas, veículos e outros animais à granja,
fazer a limpeza e desinfecção de forma adequada, além de ter cuidado com fontes
de água. Nesse aspecto, o papel do veterinário é imprescindível para dar as
orientações para que seja seguido um protocolo eficaz”.
Há também medidas de vigilância adotadas em âmbito
nacional, que têm papel crucial na investigação e no controle de casos da
doença. Como o programa para Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), do
Ministério da Agricultura e Pecuária, que envolve a coleta de amostras e
análises de dados para monitoramento, bem como a implementação de ações para
reduzir os impactos da influenza aviária.
CONTROLE DE PSA E PSC
A médica veterinária chefe da Divisão de Sanidade dos
Suídeos, do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura e
Pecuária, Lia Treptow Coswig,
apresentou os programas de controle de Peste Suína Clássica (PSC) e Peste Suína
Africana (PSA) no Brasil, riscos e diretrizes para a suinocultura nacional.
Hoje, metade do país é livre da PSC. A região Sul faz parte
dessa zona livre. Já a PSA foi erradicada ainda em 1984. Nos estados do Norte e
Nordeste, onde ainda há incidência da peste suína clássica, Lia explicou que o
Ministério da Agricultura tem atuado com um sistema de vigilância para garantir
também o avanço da sanidade dos rebanhos nessas áreas.
Embora o Sul não tenha registros da doença, sendo,
inclusive, a única região com reconhecimento internacional como área livre da
PSC, a vigilância deve ser constante. “A principal diretriz para a zona livre
de peste suína clássica é que se tome muito cuidado com quem acessa suas
propriedades. Precisa ser mantido um controle do trânsito de animais e adotar
ações de biosseguridade”.
A doutora destacou as diretrizes do Plano Integrado de
Vigilância de Doenças dos Suínos, as medidas adotadas para garantir a segurança
nas importações e exportações e certificados sanitários que o Brasil
conquistou. “O Ministério da Agricultura tem um papel na parte burocrática, de
contatar países, de garantir certificação e trabalhar para que a sanidade não
seja um impeditivo para o escoamento dos nossos produtos, mas o que faz nossa
carne chegar a todos esses mercados é a qualidade do que é produzido aqui, essa
é uma conquista e um mérito do setor produtivo", finalizou.