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2 mêses atrás

Especialistas debatem estratégias para retenção de talentos na suinocultura

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Rotatividade elevada e escassez de mão de obra tecnificada no setor exigem um novo olhar para a gestão de pessoas

A suinocultura tem na retenção de talentos um dos seus principais desafios hoje. A carência de mão de obra qualificada, além da falta de interesse dos jovens pelo trabalho no campo, torna a contratação e a manutenção de profissionais um obstáculo presente em toda a cadeia produtiva. O 17º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS) trouxe para a programação científica desta quarta-feira (13), quatro especialistas para debater sobre o assunto no painel “Gestão de Pessoas”.

Escassez da mão de obra, baixa qualificação técnica, alta rotatividade, falta de engajamento, desinteresse das novas gerações e estigma negativo do trabalho no campo foram apontados pelo palestrante Erno Menzel como os principais desafios enfrentados na retenção de talentos. O consultor ressaltou que a resposta para enfrentar essas questões não é simples e exige uma profunda reflexão sobre como lidar com as mudanças no ser humano.

“Nas últimas décadas, houve muita evolução tecnológica na estrutura das granjas, na genética, na nutrição, e o produtor, assim como o profissional técnico, se preparou para lidar com tudo isso. Mas será que nós nos preparamos da mesma forma para conhecermos as pessoas, entendermos principalmente o que as novas gerações pensam? O que almejam? Quais são suas necessidades e desejos? ”, questionou.

Na avaliação de Menzel, o investimento na valorização das pessoas é estratégico para vencer essa barreira na retenção de mão de obra. “Quando a gente se dedica a entender quais são as necessidades das pessoas, o que seria atrativo para manter elas na atividade, vamos ter condições de sermos mais assertivos em recrutar e reter esses talentos”.

CULTURA DE CUIDADO

Para o psicólogo Eduardo Basso, criar um ambiente de trabalho agradável, de escuta, voltado ao cuidado e à saúde psicológica são fatores importantes para tornar esse emprego mais atrativo. A forma como as lideranças gerenciam as pessoas também tem um papel crucial para a retenção.

“Nós percebemos hoje no mercado que as empresas que têm um bom nível de retenção possuem um gestor que é muito próximo das pessoas. É um líder que tem uma base de acolhimento, que é aberto para conversas, para feedbacks, tanto em relação a pontos a serem melhorados, como em relação àquilo que a pessoa vem fazendo bem feito. A cultura de cuidado dentro da empresa é essencial”.

Outro ponto relevante, segundo Basso, é criar programas de desenvolvimento, de capacitação e, sobretudo, reconhecer o trabalho de cada um. “Um dos principais motivos que causa desmotivação é a falta de reconhecimento, seja nas relações pessoais ou nos ambientes corporativos. Por isso, vamos incentivar líderes, gestores e empresas a reconhecer as pessoas, para que se sintam percebidas e prestigiadas. Quanto mais houver harmonia na relação entre empresa e empregado, maior será a tendência das pessoas permanecerem”.

COMUNICAÇÃO EFICIENTE

O economista especialista em agroindústria, Ale Weimer, salientou a comunicação eficiente como ponto chave na retenção de talentos. Ganhar consciência sobre como cada geração pensa, o que leva as pessoas a tomarem decisões, como trabalham, o que as motiva são fatores imprescindíveis para vencer esse desafio nas contratações.

Nesse processo, as lideranças precisam ter uma escuta ativa. “O principal desafio é mostrar às pessoas que compete a nós essa mudança. Precisa haver uma mudança cultural, ouvir mais, observar as coisas de uma maneira diferente, entender a perspectiva do outro para tomar decisões. Tudo isso vai refletir nas contratações e na retenção”.

Weimer também acredita que o setor precisa estar presente em espaços de ensino, como universidades e escolas, para mostrar as oportunidades do setor e conquistar desde cedo o interesse das novas gerações. “Se nós quisermos ter pessoas que somem ao nosso negócio, precisamos plantar uma semente agora, para que daqui a alguns anos, quando esses alunos se tornarem profissionais, cheguem até nós porque querem fazer parte da nossa equipe”, salientou.

GESTÃO COERENTE

O médico veterinário responsável pela Superintendência Pecuária na Copagril, Andrei Dietrich, finalizou os debates do painel com um estudo de caso da cooperativa e compartilhou quais estratégias foram usadas para manter a equipe e alcançar uma baixa rotatividade. A postura do líder teve um papel central nessa abordagem.

De acordo com Dietrich, grande parte das soluções podem já estar na equipe. Um líder que fortaleça a autonomia e a escuta vai chegar nesses resultados com mais facilidade. “O líder tem influência sobre tudo e se ele não adotar algumas práticas a equipe não vai motivar, não vai trazer resultado. A equipe também precisa compreender o porquê de estar exercendo cada tarefa, principalmente as novas gerações. Ao entender como a execução do seu trabalho afeta toda uma cadeia, se cria um comprometimento maior com o resultado”.

O mais importante, segundo o gestor, é ter uma postura coerente na gestão. “A coerência antecede a confiança. Eu não posso falar algo, se não colocar isso em prática. Além de reconhecer, valorizar os profissionais, se colocar no lugar deles e criar oportunidades. Se a equipe confiar no líder, o resultado vem”, pontuou.

PROGRAMAÇÃO

Painel Nutrição

14h – Influência nutricional na resposta e desenvolvimento imune dos suínos

Palestrante: Alex Hintz

14h45 – A vida após o banimento do Óxido de Zinco. O que podemos aprender com a experiência europeia?

Palestrante: Leandro Hackenhaar

15h45 – Coffee break

Painel Imunidade

16h15 – Em busca do equilíbrio sanitário: como desenvolver e avaliar ferramentas para a obtenção de uma imunidade robusta de plantel: custo imunológico e impacto ao longo da cadeia de produção.

Palestrante: Luiz Felipe Caron

17h – Preparando o leitão para os desafios sanitários: microbiota, biorremediação, treinamento do sistema imune, o que realmente faz sentido?

Palestrante: Álvaro Menin

18h– Eventos paralelos

19h30 – Happy Hour na PIG FAIR

Quinta-feira (14/08/2025)

Painel Desafios Virais e suas ameaças

8h – A influenza aviária chegou ao sistema de produção: que risco corre a suinocultura?

Palestrante: Janice Reis Ciacci Zanella

8h45 – Programa de controle da PSC e PSA no Brasil: visão geral, impacto das ações e riscos para a nossa suinocultura

Palestrante: Dra. Lia Treptow Coswig

9h45 – Coffee Break

Painel Sanidade

10h10 – Saúde respiratória de leitões após o desmame: compreendendo os patógenos endêmicos

Palestrante: Dra. Maria Jose Clavijo Michelangeli

10h55 – Desafio por Mycoplasma hyopneumoniae: nossos protocolos vacinais atendem o desafio? Uma terceira dose de vacina seria a solução?

Palestrante: Luis Guilherme de Oliveira

12h – Sorteio de brindes e encerramento

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