Afirmação é do engenheiro agrônomo Dr. Marcos Fava Neves durante palestra de abertura do SBSS
Grandes mudanças e
preocupações no mundo, o futuro dos mercados agro: alimentos, carnes e
bioenergia e como os produtores vencem? Esses foram os três tópicos principais
apresentados pelo professor e engenheiro agrônomo Dr. Marcos Fava Neves durante a palestra de abertura do 17º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura
(SBSS), no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó. A
palestra com a temática “Construindo valor no agronegócio”, que reforçou que o
Brasil virou fornecedor de comida do planeta, teve patrocínio da Farmabase.
O SBSS é promovido pelo
Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e
Zootecnistas (Nucleovet) e reúne aproximadamente 2.100 participantes entre veterinários,
zootecnistas, produtores rurais, consultores, estudantes, pesquisadores e
demais profissionais da agroindústria do Brasil e da América Latina. Até
quinta-feira (14), acontece também a 16ª edição da Brasil Sul Pig Fair, feira
técnica voltada ao setor, que conta com empresas do Brasil e América Latina,
além da Granja do Futuro, com os principais lançamentos e tecnologias para os
produtores.
BRASIL: FORNECEDOR MUNDIAL
De acordo com o Dr.
Fava Neves, o “Brasil conseguirá se desenvolver, gerar e distribuir renda,
criando oportunidades às pessoas pelo agro. A fazenda, a indústria de
alimentos, de bioenergia e o restaurante do mundo”. Ele reforçou que o Brasil é
o maior exportador de comida da América do Sul e atualmente lidera em nove
setores. Como exemplo citou a presença de 60% das compras mundiais de soja e
52% de açúcar, seguidos do café, suco de laranja, carne bovina, milho, celulose
e fumo.
Ao apresentar uma
leitura do momento atual do agro, o especialista ressaltou que o período é de variação,
o que traz uma imensa volatilidade. Entre as variáveis que afetam as margens na
suinocultura, destacou os eventos climáticos e as questões políticas
ambientais; os permanentes riscos de pandemia; a economia global e a oferta e
demanda de insumos; o estresse na logística, transporte, containers e
armazenamento; e as inovações tecnológicas e as pressões de consumidores.
PREOCUPAÇÕES
O Dr. Fava Neves
ponderou que o tarifaço dos EUA afetou pouco a suinocultura, mas ressaltou que
o Brasil deveria ter uma posição mais cautelosa nessa questão, por sermos um
país menos resiliente economicamente e que tem nos Estados Unidos um importante
mercado. Segundo o professor, o presidente norte-americano logo precisará rever
a taxação porque já estão faltando alguns produtos no mercado interno, como
carne e café. “A tendência, na área comercial, é de diminuir o tarifaço”,
antecipou.
Outra questão que
preocupa Dr. Fava Neves está relacionada a mão de obra – com qualidade,
quantidade e vontade de trabalhar, segundo denominou o palestrante. “A escassez
afeta diretamente no crescimento do país. Esse fator é difícil de reverter.
Infelizmente, temos uma geração de pouco plantio e de muita colheita, por isso
é necessário mudar o mindset da educação brasileira para reverter esse
cenário”, alertou.
FUTURO DOS MERCADOS
Em relação ao mercado
de grãos, segundo o Dr. Fava Neves, é um momento de conforto para a
suinocultura, já que as exportações estão 15% superiores em relação ao ano
passado. “Podem ficar despreocupados. Além disso, continuo acreditando na
expansão da área plantada com previsão de amplo suprimento”, assegurou. A
previsão da safra brasileira 2025/2026 para soja é de 175 milhões de toneladas
e de 131 milhões de toneladas para o milho.
O panorama geral da
carne suína brasileira também é favorável, com crescimento de mercado, trabalho
consistente e competitividade com grandes compradores. A estimativa de produção
para este ano é de 11,7 milhões de toneladas, com exportação de 1,6 milhão de
toneladas, conforme dados de abril/2025. Ao analisar as projeções para
exportações de carnes até 2034, Dr. Fava Neves frisou que a participação
brasileira no cenário global será de 40% para carne de frango, 28% para carne
bovina e 18% de carne suína.
Por fim, abordou sobre
o mercado de bioenergia, que apresenta evolução da capacidade de esmagamento no
Brasil e potencial de uso de biosiesel. “O crescimento da bioenergia no Brasil
impulsionará uma ‘carnificação do agro’, possibilitando grande agregação de
valor em produção, exportação, renda, empregos e impostos”, adiantou.
COMO VENCER?
Dr. Fava Neves
apresentou dez pontos para vencer na suinocultura, com um panorama até 2050. Os
cinco primeiros são: gestão financeira –
disponibilidade de caixa, gastos responsáveis e “ficar melhor antes de ficar
maior”; momentos de compra/venda –
estudar o mercado e aproveitar os momentos positivos para se favorecer; genética, sanidade e nutrição –
melhoramento, alimentação, composição da ração, ambiente, sanidade e bem-estar;
integração e excelência –
instalações, tecnologias, manejo, sistemas de criação, gestão por animal,
integração de atividades e eficiência produtiva, “afinal o Brasil tem um dos
modelos mais bonitos de integração”; espírito
inovador – biológicos, bioinsumos, novos sistemas produtivos, presença em
eventos e aptidão a testar, ou seja, acreditar que tem novidades.
Ainda entre os pontos,
estão: sustentabilidade rentável –
geração de energia, biogás, integração agricultura/pecuária, mercado de
carbono, código florestal, regras e legislação ambiental; obsessão nos controles – coleta e administração de dados e
desempenho; liderar/formar pessoas –
inspiração, liderança, formar talentos e sucessores e capacitação; imagem e comunicação – redes sociais
para se comunicar, relacionar, construir a imagem do setor; e espírito coletivista – trabalho pela
união do setor, ações conjuntas, cooperativas e associações. O palestrante
finalizou afirmando que “o planeta precisa cada vez mais de uma atividade
sustentável, porém ninguém vai para o verde se está no vermelho. É preciso que
haja equilíbrio entre pessoas, planeta e lucro”.