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1 mês atrás

Saúde e reprodução no rebanho: qual é a relação?

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A saúde das vacas leiteiras afeta suas performances reprodutivas? Esse questionamento guiou a participação do professor da Universidade da Colúmbia Britânica (UBC), Ronaldo Luis Aoki Cerri, no 13º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite (SBSBL) – durante o segundo dia de evento, na quarta-feira (6). As palestras com temas “inter-relações entre a saúde e performance reprodutiva em vacas leiteiras” e “perdas gestacionais – principais causas e como evitá-las” aprofundaram os debates do painel Saúde, Manejo e Ambiente.

O palestrante contextualizou que, embora seja intuitivo que vacas doentes têm menor fertilidade, estudos mostraram que, de modo geral, sempre que o animal passa por um episódio de doença, isso afeta a reprodução. Independente de quando ela ocorre e de suas características, sempre haverá um impacto. “Se aconteceu dois meses antes da inseminação, por exemplo, ela afeta a reprodução. Caso ocorra depois, tende a afetar também, e, geralmente, o efeito é cumulativo. Se o animal tiver uma doença e depois uma comorbidade, isso agrava o quadro e tende a ter um efeito duradouro”, explicou.

O ponto salientado por Cerri foi de que, a fertilidade dos animais sadios é alta, porém, uma vez que a vaca adoece, isso afeta a reprodução, e há poucas maneiras de reverter. “O ideal é evitar o episódio desde o início”, apontou ao mencionar que esse tópico ainda era pouco considerado entre 15 e 20 anos atrás.

A fim de esclarecer como esse impacto ocorre, ele apresentou estatísticas de pesquisas realizadas tanto em rebanhos do Brasil, quanto em outros países, como Canadá e Estados Unidos, olhando para enfermidades recorrentes, como mastite e endometrite. Como a primeira apresenta muitas variáveis dentro dela – clínica, subclínica, tipos de agentes, células somáticas – todas essas têm um tipo de efeito e gravidade, afetando de maneira diversa a taxa de prenhez e fertilidade. “Precisamos nos atentar que essas tendências variam conforme a região e o ambiente. É necessário coletar e analisar dados da própria fazenda para determinar o tipo de desafio predominante”, apontou Cerri.

Explorou ainda os efeitos da endometrite subclínica e de infecções uterinas na taxa de fertilização. Segundo o professor, vacas com histórico de endometrite podem apresentar uma taxa de concepção reduzida mesmo após o quadro inflamatório ser resolvido, possivelmente devido ao ambiente uterino ainda não estar completamente restabelecido. Enfatizou, nesse sentido, que a identificação e o tratamento precoce são essenciais para evitar que o impacto negativo se prolongue. “É crucial ter em mente que a prevenção e o manejo de doenças são mais eficazes do que o tratamento isolado”.

CONTROLE E PREVENÇÃO EFICAZ SÃO A CHAVE

O acompanhamento cuidadoso da saúde reprodutiva e uterina do rebanho foi amplamente ressaltado, uma vez que a prevenção e o controle eficaz dessas doenças garantem maiores taxas de sucesso reprodutivo e minimizam perdas econômicas para os produtores.

O primeiro passo para esse cuidado é, segundo o professor, aplicar um sistema de controle dentro da propriedade. “Isso não quer dizer que requer um sistema complexo de monitoramento. Podemos recomendar análises complexas, mas o essencial pode ser feito com processos mais simples, mas que sejam aplicáveis no campo, independentemente do tamanho da propriedade”.

Na visão do especialista, embora o país tenha muitos exemplos de boas práticas, o setor ainda peca em não colocar números na propriedade. “Precisamos medir, fazer diagnósticos e, se possível, reconfirmar. Medir os dados permite ter uma visão mais clara e sair do simplismo de apenas seguir um protocolo ou pensar só na genética. Com o cruzamento de estatísticas, podemos entender melhor se é necessário ajustar um protocolo, um programa reprodutivo, ou mesmo o manejo da ordenha”, enfatizou, por fim, Cerri.

SOBRE O SBSBL

O evento foi promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet), com apoio da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Santa Catarina (CRMV-SC), da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), da Prefeitura de Chapecó e da Sociedade Catarinense de Medicina Veterinária (Somevesc).

O professor da Universidade da Colúmbia Britânica (UBC), Ronaldo Luis Aoki Cerri, debateu sobre como a saúde das vacas leiteiras afeta suas performances reprodutivas (Foto: UQ Eventos).

Cerri integrou o painel Saúde, Manejo e Ambiente, no segundo dia de evento (Foto: UQ Eventos).

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